Projeto Educativo

A formação de um seminarista, tendo como horizonte a ordenação presbiteral, está distribuída em quatro etapas: a propedêutica, o discipulado, a configuração a Jesus e a etapa pastoral.

Na senda da experiência acumulada ao longo do tempo, chegou-se à conclusão, corroborada com o documento Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, da urgente necessidade de se dedicar um período de tempo para uma preparação de carácter introdutório, com vista à sucessiva formação prebiteral ou, ao invés, a decisão de trilhar outro caminho de vida.

É um tempo privilegiado de, habitualmente, um ano de duração, para aprender a viver junto com outras pessoas, para conviver e conversar com os formadores, para aprender a ter vida comum, para poder começar a falar de si e para aprender que o outro não está ao seu lado para combatê-lo, mas para celebrar a comunhão.

Deste modo, o tempo propedêutico, no intuito de ajudar os jovens na sua preparação humana, cristã, intelectual e espiritual, contem unidades curriculares, lecionadas na Faculdade Teologia, mas também um plano de formação completa, com uma base espiritual, científica e humanística, ministrado no Seminário.

Os seminaristas dão continuidade aos estudos académicos, já iniciados no Tempo Propedêutico, concretamente, à Licenciatura em Teologia, na Faculdade de Teologia, no Núcleo de Braga da Universidade Católica Portuguesa.

Na etapa discipular é uma etapa específica, na qual se apliquem todas as energias possíveis para enraizar no seguimento da pessoa de Cristo, ouvindo a Sua Palavra, guardando-a no coração e colocando-a em prática. Neste tempo específico, há especial atenção para com a dimensão humana, em harmonia com o crescimento espiritual, ajudando o seminarista a amadurecer a decisão definitiva de Jesus. (Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, n. 62)

Os estudos, na Faculdade de Teologia prolongam-se, iniciando o Mestrado em Teologia, na Faculdade de Teologia, no Núcleo de Braga da Universidade Católica Portuguesa. 

A etapa da configuração à vida de Jesus é orientada, de modo particular, para uma responsabilidade constante no viver as virtudes cardeais, bem como as teologais e os conselhos evangélicos, e no ser-se dócil à ação de Deus através dos dons do Espírito Santo.

Além de uma gradual releitura da própria história pessoal, segundo um coerente perfil de caridade pastoral, que anima, forma e motiva a vida do presbítero. O seguimento de Jesus implica uma atitude de confiança e de abertura a um horizonte mais amplo de serviço à comunidade que ultrapassa o meu querer e a minha vontade.

A etapa pastoral corresponde ao período que medeia a estadia no Seminário, a ordenação diaconal, e, consequente estágio pastoral e ordenação presbiteral.

Os seminaristas, após concluírem o Mestrado Integrado em Teologia, iniciam a Etapa Pastoral, que  está divida em duas fases: primeiramente, o Ano Pastoral, lecionado no Seminário, e, no ano seguinte, o Estágio Pastoral.

O Ano Pastoral tem como objetivo propiciar ao seminarista um tempo de preparação prática e sistemática no campo da ação pastoral. É lecionado no Seminário, de segunda-feira a sexta-feira, estando organizado por módulos de formação.

Terminado o Ano Pastoral, tempo de preparação prática e sistemática no campo da ação pastoral, surge, após a ordenação diaconal, o estágio pastoral, tempo de inserção na vida pastoral que implica uma gradual assunção de responsabilidades, em espírito de serviço.

A vivência pastoral, em estágio numa ou várias paróquias, exigirá um tempo de adaptação entre a aceleração típica do encantamento com os afazeres paroquiais e a consolidação do seu próprio ritmo de vida presbiteral, até que se conquiste um equilíbrio que lhe permita crescer como pessoa.

No ano de estágio pastoral, os seminaristas, já ordenados diáconos e nomeados para uma ou várias paróquias da Arquidiocese, fazem, em profunda relação com o pároco, a experiência concreta da vida paroquial.

O projeto formativo do Seminário procura proporcionar aos seminaristas um plano integral de formação, mediante a dimensão humana, espiritual, intelectual e pastoral, vividas na transversalidade da vida comunitária.

No 1º e 2º ano, etapa do discipulado, dimensão humana procura envolver a pessoa no seu todo, nas suas dimensões espiritual, cognitiva e afetiva. Por esta razão, todas e cada uma destas dimensões precisam de ser cuidadas de forma própria e harmonizada, a fim de contribuírem para o desenvolvimento equilibrado de toda a pessoa. É um espaço que quer proporcionar um maior e melhor conhecimento de si próprio, para que cada um possa, melhor e mais profundamente, acolher e responder à própria vocação.

A partir destas premissas, procura-se estimular cada um para que releia a própria história pessoal à luz do percurso de discernimento vocacional; tornar explícitas as motivações e os valores que orientam as escolhas quotidianas; refletir sobre os fundamentos psicológicos que tornam possível a vivência dos conselhos evangélicos, segundo o estilo e as exigências próprias da vida presbiteral; favorecer e refletir sobre as relações entre os membros do grupo e suportar o processo do discernimento pessoal.

No 3º ano, etapa da configuração à pessoa de Jesus Cristo, aborda-se o tema afetos e sexualidade, tendo como objetivo intuir onde se encontra cada um nos seus valores, na sua mentalidade, nos seus afetos e, afinal, no seu questionamento; construir com o grupo uma antropologia holística em que somos corpo, inseparável do espírito, espaço de desejo, de exercício da razão, do que nos constitui, a relação; discernir, partindo das provocações da formação, do próprio viver e pensar, quanto à escolha livre e verdadeira para cada um; educar para o exercício equilibrado e realizante da sexualidade (castidade) na condição escolhida e assumida – o celibato e analisar e discutir questões fraturantes à luz do Evangelho, homossexualidade, pedofilia, infidelidade.

No 4º ano, etapa da configuração à pessoa de Jesus Cristo,  aborda-se a temática da obediência, no inuito de levar a uma tomada de consciência mais profunda sobre as implicações que essa atitude evangélica tem na vida pessoal e relacional. Assim, partindo da análise atual da problemática da autoridade no processo de crescimento da pessoa (sobretudo na infância e juventude), da história pessoal relativa aos padrões de autoridade e obediência, tornar-se-á uma ajuda preciosa para constatar dificuldades, ganhos e bloqueios a descontruir no processo pessoal de discernimento vocacional.

No 5º ano, etapa da configuração à pessoa de Jesus Cristo, debruça-se sobre a temática da pobreza evangélica, convidando os seminaristas a mergulhar na dimensão polissémica da palavra pobreza. Neste sentido, há que abrir, de um modo mais fundo, o olhar sobre o mundo e penetrar os vários tipos de carência. Assim, o seminarista pode ser tocado pelo pobre e preparar-se mais conscientemente para caminhar com Jesus pobre e humilde.

Esta preferência levará ao desejo crescente de conhecer internamente este Mestre, o seu estilo de vida e o seu ensino, um Mestre que difere de todos os outros mestres que ensinam o caminho do desapego como caminho de libertação. Também será confrontado com testemunhos vivos desta opção preferencial pelos mais pobres e crescerá no discernimento de um estilo de vida segundo o espírito das Bem-aventuranças: a alegria, a simplicidade e a misericórdia.

No Ano Pastoral, a síntese vocacional, pretende ser um espaço sereno de partilha sobre o conselho evangélico da castidade; amadurecer o conceito de castidade como integração conseguida da sexualidade na pessoa (daí a unidade interior do homem no seu ser corporal e espiritual); iluminar com a a força evangélica do dom do celibato e, ao mesmo tempo, estimar retamente os valores do estado matrimonial; refletir a Graça e a fragilidade como aspetos que se integram reciprocamente e compreender o alcance da paternidade espiritual e da caridade pastoral.

O Seminário Conciliar São Pedro e São Paulo, especialmente no período propedêutico, oferece uma iniciação kerigmática, através da qual os candidatos ao presbiterado podem viver com alegria o dom do encontro com Jesus Cristo, convertendo-se em autênticos discípulos missionários, respondendo, assim, à vocação recebida.

Não acreditamos numa espiritualidade sem carne, como se pudéssemos medir a vida espiritual a partir do acumular de conhecimento e englobar o mistério de Deus em fórmulas teóricas, sem preocupação com a vida real. Em virtude da Encarnação de Cristo, nós sabemos que a vida espiritual não é abstrata nem separada do quotidiano: nela está o centro de uma existência plenamente humana, e nada daquilo que lhe é humano lhe é estranho.

A vida litúrgica

A vida no Seminário tem como objetivo formar no futuro padre um profundo amor pelo sacramento da Eucaristia, que há de constituir-se sempre o centro e o eixo de toda a sua vida e a fonte da qual brota a sua força de discípulo missionário 

De igual modo, há que se suscitar em cada futuro padre um profundo amor e uma experiência pessoal do mistério de Cristo celebrado nos diversos atos litúrgicos da Igreja. A Palavra de Deus lida, meditada e estudada, pessoal e comunitariamente, sobretudo através da lectio divina, e da celebração devota da Liturgia da Horas, deve constituir-se alimento fundamental da oração, da espiritualidade do futuro padre e da sua prática pastoral.

Acompanhamento Espiritual 

No desejo de que o seminarista possa discernir a sua vocação ao sacerdócio ministerial, o Seminário favorece a todos um constante acompanhamento espiritual. Assim, procuramos que o acompanhemnto espiritual não negligencie a inteireza da pessoa, presente no aspecto biológico, que indica o crescimento e a evolução nas suas diversas fases; emocional, que engloba também as sensações e as percepções psicológicas do candidato; intelectual, relacionado aos pensamentos, às ideias e à capacidade de decisão.

Espiritualidade

 Os seminaristas, concretamente nos dois primeiros anos de seminário, mediante o módulo de formação intitulado de Espiritualidade, de ritmo semanal, com orientação de Alzira Fernandes, são convidados a adquirir, pouco a pouco, métodos de oração, a que se possa seguir um estilo próprio na sua relação íntima com Deus-Amor. Assim, cada seminarista, a ritmo lento, vai adquirindo a capacidade de cultivar momentos de diálogo íntimo e pessoal com Deus-Amor, de modo que possa harmonizar, de maneira fecunda, a oração litúrgica ou comunitária com a vida pessoal de oração.

Encontros de Espiritualidade

O Seminário São Pedro e São Paulo oferece, mensalmente, encontros de espiritualidade, sob a orientação dos diretores espirituais, no intuito de favor um atento discernimento sobre o âmbito relacional e afetivo, cujos aspectos observáveis vão desde um cuidado equilibrado com o próprio corpo até a capacidade de dialogar serenamente com o outro; da sinceridade à gentileza no tratar o outro; da capacidade de suportar as fadigas e os empenhos até a tranquila interiorização da castidade e do celibato.

Recoleções e Retiros

As recoleções (mensais) e os retiros (anuais) são um tempo de profunda revisão no encontro prolongado e orante com Deus-Amor, vivido num ambiente de silêncio, ajudando cada seminarista a tomar consciência dos próprios limites e, simultaneamente, da necessidade da graça de Deus e da correção fraterna.

A formação pastoral é uma das dimensões fundamentais na formação dos candidatos ao presbiterado, a qual deve irradiar em todos os campos e atividades da vida do Seminário, porque é uma dimensão transversal, logo, humanística, filosófica e teológica. Esta é uma característica que não pode faltar ao Pastor: o inquietante desejo de anunciar a Palavra, que seja movido pelo desejo de dialogar com o mundo, de evangelizar aquela realidade, com os seus desafios específicos.

Esta formação deve impulsionar o pastor a buscar métodos e linguagens novos e eficazes para anunciar o Evangelho a um mundo que sempre se transforma. No processo formativo inicial e permanente, pensamos no cuidado e na atenção que deve receber a dimensão pastoral.

O 3º ano, etapa da configuração à pessoa de Jesus Cristo, dedicar-se-á à Pastoral Catequética, tendo como coordenadora de pastoral a catequista Maria Helena Aguiar, da comunidade paroquial de Santo Adrião de Vila Nova de Famalicão. Em síntese, o que move estes encontros é testemunhar uma visão alegre e entusiasmada do facto de ser catequista; tentar passar a mensagem de que, enquanto seminaristas é importante que aprofundem um bocadinho mais (se necessário) a importância da Catequese na vida da Igreja e, que mais tarde, como padres, e provavelmente párocos, sintam que Deus lhes dá também como missão serem catequistas dos catequistas, acompanhando muito de perto tudo o que diz respeito à catequese, fazendo-se próximo das crianças, adolescentes, jovens e adultos, testemunhando apreço e gratidão por todos os catequistas, que procurará escolher com conselho e prudência, privilegiando sempre a sua formação nas suas diferentes dimensões.

 O 4º ano, etapa da configuração à pessoa de Jesus Cristo, apostará no Escutismo, tendo como seu coordenador de pastoral Carlos Alberto Pereira, dirigente do CNE, da comunidade paroquial de Santa Maria de Ferreiros, procurando não só dar a conhecer aos futuros presbíteros o Escutismo Católico enquanto um instrumento de animação pastoral, estruturado em volta da participação dos leigos, supervisionados pelo assistente, mas também dar-lhes a oportunidade de trabalharem as ferramentas fundamentais do método e ainda terem um momento de viverem uma oportunidade de aplicação do método num ambiente educativo de formação de cidadania à Luz do Evangelho.

O 5º ano, etapa da configuração à pessoa de Jesus Cristo, dedicar-se-á à Pastoral Penitenciária, tendo como seu orientador de pastoral o Padre João Miguel Torres Campos, pároco de São Tiago de Priscos, São Tiago de Tadim e São Miguel de Guizande, no arciprestado de Braga.

Na certeza de que é importante que os seminaristas adquiram experiência em diversas áreas pastorais, que estejam abertos às diferentes realidades eclesiais e espirituais e que sejam educados para aprender a trabalhar com situações adversas e saibam aceitar as mudanças necessárias, a Pastoral Penitenciária incide sobre as seguintes temáticas: crimes, penas e reinserção social: Um olhar sobre o caso português; voluntariado: vulnerabilidade e compromisso; Pastoral Penitenciária: missão e objetivos; metodologia e Projetos da Pastoral Penitenciária de Braga; trabalho de campo no Estabelecimento Prisional de Braga; participação nos projetos: Rasgar horizontes e Correio da Esperança; retratos plurais: pessoas e famílias ciganas; visita a uma família cigana de Braga; os Sem-Abrigo: causa ou consequência?; acompanhar comunidade Vida e Paz aos sem-abrigo do Porto; integração de refugiados: o papel e práticas das instituições de acolhimento e visita a uma família de refugiados residentes em Braga. 

O ano pastoral dedicar-se-á à Pastoral Social, tendo como coordenador de pastoral o Padre Roberto Rosmaninho Mariz, pároco de S. José de S. Lázaro, arciprestado de Braga. O intuito é sensibilizar os seminarististas para a ação social como identitária da fé cristã, que esta ação social dá credibilidade ao Evangelho que pregamos e celebramos, que Evangelho nos inspira a ter uma palavra pertinente perante a realidade secular e, por fim, contactar com a Cáritas e IPSS Canónica.

A formação intelectual dos seminaristas visa oferecer sólidos fundamentos que os capacitem para anunciar o Evangelho e para responder aos acutilantes desafios que lhes apresenta o mundo atual. A Igreja, na realidade hodierna, precisa de padres cuidadosamente preparados quanto à dimensão intelectual e à comunicação da fé. A dimensão intelectual, voltada para a inteligência da fé, tem o desafio de atender a esta necessidade.

Na dimensão intelectual, numa linha de favorecer o crescimento integral, os seminaristas frequentam a Licenciatura em Teologia e, consequentemente, o Mestrado em Teologia, em Braga, na Faculdade de Teologia. Para além do fulcral contributo académico, o Seminário propõe uma formação completar.

O nosso intuito é formar homens prontos para servir, segundo o Evangelho; pessoas novas, transformadas por Cristo, abertas ao seu tempo e ao futuro. Para isso, todos os métodos pedagógicos devem ser construídos à medida destes objetivos, porque o nosso ideal não é produzir pequenos monstros académicos, desumanizados e retraídos, nem é produzir fiéis piedosos, alérgicos ao mundo em que vivem, incapazes de responder com empatia aos seus desafios. O nosso ideal é chegar a ter homens equilibrados, serenos e constantes, abertos a tudo o que é humano.

Formação Académica e Formação Suplementar

Além da formação académica, os seminaristas participam num plano de formação suplementar que contempla aulas de apoio a Latim e a Grego, oficina de escrita e técnicas de expresão oral.

Formação Musical

A par da formação académica e suplementar, os seminaristas têm formação musical, a saber: aulas de Órgão, com o Professor André Bandeira; Canto Gregoriano, com o Professor José Carlos Miranda; aulas de Piano, com o padre Marcelino Esteves; ensaios de Canto Coral e Polifonia, com o professor José Carlos Miranda e o padre Juvenal Dinis e, por fim, aulas de Guitarra, com o Professor Fernando Monteiro.